terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Conto: Mulheres Acorrentadas

        Meu nome é Carla...tenho 17 anos... sou estudante de medicina...filha de um cirurgião e de uma enfermeira chefe...sou casada com um delegado de polícia que tem 40 anos de idade e ele é bem marrento...tenho tudo o que muitas mulheres invejam: carro, dinheiro, roupas lindas, faculdade paga e um grande casarão no alto do morro em beira de praia..mas a principal coisa me falta e é o que realmente gosto... amor e carinho...pois esse meu marido não pode me dar um carinho e nem me deixa falar com ninguém, pois é extremamente possessivo diante de mim, e nem mesmo me beija ou abraça, apenas manda em mim como um animal...
      Tudo isso foi resultado de um casamento arranjado pelos meus pais...pois eles acreditavam que estavam garantindo um futuro melhor para mim e para minha família... ledo engano...eu nem mesmo gosto do delefado cujo é muito mais velho do que eu e bate em todos os meus amigos por entrarem em contato comigo...
       Só me restou uma maneira de me libertar desta corrente... uma vodka misturada com soda cáustica...
       E agora me encontro presa numa corrente no meio da escuridão vendo você estender a mão para salvar minha pobre e jovem alma que nunca teve uma vida....
       Meu nome é Dulci...tenho17 anos...estou no terceiro ano do 2° grau...filha de um policial e de uma juíza...meu namorado é filho de um traficante e de uma professora de faculdade...na minha frente ele é amável...mas sem mim ele ameaça meus amigos e faz muitas loucuras, além de incestar meretrizes nos bailes...o que me dói é que de uns tempos pra cá ele mudou... ele mentia muito pra mim, e até me chamava de adjetivos vulgares que nenhuma mulher iria querer ouvir... quando eu ameacei terminar meu namoro com ele, fui estuprada e morta enterrada viva sob a areia...nem minha mãe que era juíza conseguiu trancar meu namorado na prisão, pois o pai dele pagava os melhores advogados do nosso país....E agora apareço na escuridão sufocada pelo solo mortal...tudo o que vejo é você com uma expressão acolhedora olhando pra mim como se lamentasse tudo o que passei durante toda a minha vida...
       Meu nome é Bianca...tenho 17 anos e estudo música...sou filha de um classificador de fumo e de uma professora de biologia...e tenho uma namorada fuzileira naval...ela não gosta nada de mim a não ser de ter relaçoes sexuais....eu sonho em me tornar uma cantora, mas ela nunca apoiou...ela me empurra goela abaixo que eu tenho que ser sargento da marinha e que preciso fazer mais cursos de especialização militar, tudo contra a minha vontade... até que um dia eu me cansei e resolvi trair ela com um homem...levei um homem na casa dela e tive relaçoes sexuais...minha namorada pegou a gente no flagrante e disparou um tiro de ak-47 nos genitais do coitado, e depois ela disparou os tiros nas minhas pernas...quando vi meu amante agonizando, peguei a metralhadora, atirei na minha namorada, atirei no meu amante pra livrá-lo do sofrimento, e por minha vez atirei na minha cabeça...
      Agora me encontro envolta de uma corrente no pescoço e olho para você que está parado a me olhar com olhar piedoso, livrando os pecados que tomei pra mim ....as correntes são firmes demais para uma alma que aparentemente tinha uma vida boa, mas desvalorizada de forma imoral
      Meu nome é Kareena...tenho 17 anos... estou estudando supletivo... sou filha de pais islâmicos...
       No meu País mulheres não podem mostrar o cabelo e muito menos vestir roupas que todas as outras mulheres do mundo usam... sem contar que não podemos namorar estrangeiros e muito menos conversar com homens estranhos... pois os homens que as mulheres conseguem aqui são de casamento arranjado pelos pais... essas regras tolas envergonham uma habitante do meu País como eu...
       Um dia fui na praça pública e tinha um rapaz da minha idade e ele era brasileiro... sentei ao lado dele e ele estava tocando violão... conheci todas as músicas do País de origem dele que me fizeram muito feliz, mesmo não entendendo uma letra daquele estranho idioma....mas tinha uma voz incrível... mas os guardas o pegaram e cortaram os braços dele na minha frente... aquilo me fez tão mal que não pude acreditar que eles estariam fazendo a vontade de Deus com aquela atitude política desumana....
       Como se não bastasse, fui presa, enterrada até a cintura e acusada de adultério só pelo fato de ter contato comunicativo com um homem estrangeiro... o que mais me dói é ver as pessoas que me conheciam simplesmente me chamarem de vadia pecadora ,até minhas melhores amigas...Fui apedrejada até a morte, suportando a dor com muito sofrimento e lágrimas...
       Meu sofrimento só acabou quando eu já estava num lugar escuro olhando para seus olhos que por sua vez me acolhiam com piedade de meus "pecados" por ser atenciosa as coisas boas que a vida me ofereciam ...
       Infelizmente a minha vida toda foi  uma prisão imoral sem paz, cercada de alienados que se diziam fiéis a Deus....
        

Muito bem, meninas... Sou o Arcanjo Azaliah....e minha missão é quebrar a corrente dos seus sofrimentos para libertarem vocês dos pecados cometidos por pessoas próximas de vocês...E posso dizer mais... não vejam isso como uma morte e sim uma chance de voltarem para suas casas e buscarem o foco de sua liberdade...fugirem pra bem longe de onde estiveram e recomeçar para buscarem a realização dos sonhos de cada uma de vocês...
        Eu posso afirmar que vocês todas não estão mortas e sim em coma nos hospitais de onde se encontram... quanto as pessoas que fizeram mal a todas vocês... elas terão um destino cruel antes de vocês despertarem e eu as guiarei para um rumo melhor com caminhos humildes, suor ,acasos e muita garra... e eu sei que vocês se sairão bem....
     Que comecem agora o Despertar!!!!


FIM